Please Stop the Music

Salvador é uma cidade singular perante às outras capitais. Não por ter um clima totalmente imprevisível. E sim, porque é o único lugar onde você pode "ouvir" pérolas extraordinárias da música.

É claro que com a variedade(?) de ritmos aqui presentes algo do tipo deveria ocorrer. Mas o que acontece no cenário musical dessa cidade chega a ser algo surpreendente. Pra exemplificar, vou citar dois exemplos.

Extravasa x Acelera Aê
A disputa em questão parece ser mesmo por vingança. A ex-trela (perdoem-me o trocadilho) e ex-vocalista do Babado Novo, Cláudia Leitte, se lançou rumo ao estrelato por um estilo a la Ivete Sangalo. E, pelo visto, alcançou o coração de alguns fãs.
A atual e espertinha rainha do axé não deixou barato e, depois de alguns anos, simplesmente "kibou" uma das músicas de sucesso da loirinha. A semelhança, quase igualdade, entre as duas músicas é evidente: Ambas não falam nada com nada e tentam seduzir o ouvinte pela emoção. Além dos batuques e "penlendenguêns" serem quase idênticos.

O Pagode
Eu não queria falar disso. Mas já que comecei a falar de música baiana, não poderia deixá-lo de lado.
O pagode é essencialmente uma bateria¹ arritmica acompanhada de sons de sirene e da voz do pagodeiro, que, quando não está calado, tenta elucidar o ouvinte por cacofonia poética. As letras tem conteúdo pejorativo e de baixo nível, não recomendáveis a qualquer ser vivo. A questão é que é quase impossível tapar os ouvidos a esse problema.

Porém, é até interessante perceber a dicotomia presente nessa terra. De um lado vemos formidáveis construções lirico-poéticas de pessoas como Jorge Amado ou Caetano Veloso. Do outro, destruições infanto-mentais da cultura popular pelos pagodeiros.

Notas:
1 - Entenda por bateria o conjunto de tambores, pratos e instrumentos musicais que fazem "tum", "pá" ou "paratumtum".