domingo, 21 de agosto de 2011

Moço, vamos subir o rio

Eu devo ser o cara mais burro-preguiçoso desse país. (Espera, não é pra tanto. A concorrência aqui é desleal.) Mas devo dizer que fui meio que um neandertal ao achar que poderia relatar, com a devida precisão, minha viagem de São João, que ocorreu há um pouco mais de 2 meses. Eu não lembro nem o que eu comi ontem. Acho que tenho que parar de procrastinar pelo menos os meus textos. Mas como eu falei que ia escrever o resto, aqui vão os resquícios da vaga lembrança.

Onde é que eu estava mesmo? Ah, claro. São João, frio de lascar, cidade de Centopeia Seropédica. Tinha acabado de chegar na UFRRRRJ e recebi a notícia que não teria café da manhã (de graça). Enquanto coçava meus bolsos procurando qualquer moeda pra não perecer, eis que recebo do meu anjo uma generosa quantia de dinheiro, em princípio, destinada à compra de uma iguaria doce. Deduzindo os impostos e taxas do nosso país e juntando com as nicas do meu bolso, deu pra comprar o meu café da manhã e me deixar bem feliz.

Minha cara de bunda com duas dilmas na mão

Bem, a UFRRJ trata-se da faculdade mais "eu-quero-estudar-aqui" que eu já vi. Por ser pública e contar com alojamento, ganhou meu coração facin'. Vale lembrar que tudo lá parecia ser socializado. Quase uma Cuba semi-capitalista. Mas sem español. Ah, não posso me esquecer que, estranhamente, todos os moradores de lá afirmavam ter 24 anos.

Apesar de familiar, por ser um ambiente estudantil, porém, ao mesmo tempo hostil, como uma selva, a UFRRJ é um ótimo lugar pra aprender coisas novas. E como toda selva, com o tempo você acaba criando algumas regras de sobrevivência, tais como "teste sempre o chuveiro", afinal de contas sair tirando a roupa com um frio de 16ºC nem sempre é algo agradável.

Pulando toda a parte das reuniões do congresso, na sexta (bem, eu acho que era sexta) pela manhã, mais precisamente às 7h03, eu arrumei minhas malas e dei no pé pra cidade do Rio de Janeiro. É importante ressaltar que, apesar estarem reunidos estudantes do país inteiro, haviam somente acordados, àquela hora, 4 baianos e um paulista. Paulista o qual acordamos porque estava dormindo, de penetra, no nosso alojamento. E não pergunte como ele chegou lá.

De mala e cuia parti pra cidade grande com o intuito de fazer uma surpresa pra minha mãe, que não sabia que eu sequer estava no estado. Quando bati na porta da coroa e seus olhos encheram de lágrimas, percebi que as 36 horas de tortura haviam valido a pena. De quebra, ainda pude apertar a fofura do meu pimpolho que está cada dia maior.

Acho que vou largar meu emprego pra ser fotógrafo

Deixando de lado esse #mimimi, passar uns dias na casa da mãe é a melhor coisa do mundo. Eu já tinha esquecido o quão bom é ser mimado pela progenitora. Por isso que, quando eu crescer, eu vou morar com minha mãe. Sem mais.

Voltando à vida real, lembro que fomos passar um dia na casa de um amigo da família, em Niterói e de lá eu teria que voltar pra Seropédica, visando embarcar de volta pra terra do acarajé. Eu não sei quantas vezes eu já repeti que o único lugar que eu não me importo nem um pouco de pegar ônibus é no Rio. Lá a bagaça funciona. E dessa vez não foi diferente.

Ao chegar no ponto, encontrei o despachante e perguntei se já havia passado o ônibus pra rodoviária. O mesmo me disse que ele acabara de passar, enquanto eu o interrogava. Frustrado, perguntei se demoraria para passar o próximo, e ele respondeu que sim. Preparei-me psicologicamente para a demora eterna comum dos ônibus de Salvador. Mas eis que surgiu, brilhante, entre as nuvens, flutuante, um enorme Mercedes-Benz, tal qual eu necessitava naquele momento. Olhei pra cara do despachante e mentalmente perguntei:

- Isso que o senhor chama de demora?

Pena que não obtive resposta. Mas subi feliz no ônibus mais caro da minha vida. Paguei exatos R$10 para somente atravessar a ponte Rio-Niterói, já que a rodoviária se localizava praticamente embaixo de sua secção terrestre.

Voltei à UFRRJ e a única coisa que eu pensava era em voltar pra casa. Ah, sim, também a única coisa que me lembro. Sendo assim, só tenho a dizer que voltamos todos lindos e felizes, cantando uma música um pouco peculiar e que dá título à postagem. Um indivíduo autodenominado Don Corleone que nos apresentou a letra, e era mais ou menos assim:

"Moço, vamos subir o rio
vamos subir o rio
vamos subir o rio (x36)

Chiquinho, ô, chiquinho!
Arruma o peixe, 'que eu tô levando o sal. (x2)


... (não lembro dos outros versos)

Moço, vamos subir o rio
vamos subir o rio
vamos subir o rio (x36)
"

Tinha "tanhã-nhã" no meio. E esssa foi só a melhor música que eu já ouvi em minha vida. Não encontrei na internet. D:

EDIT: Saudosa leitora Dulcilane Monteiro encontrou um vídeo com a música :D

8 comentários:

  1. Dulcilane de Oliveira Monteiro4 de dezembro de 2011 às 01:29

    Nem sei como cheguei até aqui...acho q.teclando,rs. Mas vc vai encontrar essa música no yultube. 'Farra na casa de Eliene', Cantoria de São Gabriel. Um qd amigo Chico Leite de 'Tarequino'BA, toca violão p.essa farra acontecer.Tb gosto mt dessa música. Até parece q.eu tava nessa farra. Abraço

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  2. A melhor época do ano em são gabriel (Cantoria, que já é essa semana) \o! Essa música tem que tocar tooodo ano, já é tradição! rsrs Parabéns pelo Blog e pelo bom gosto musical! rsrs;D

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    1. Que lembrança boa, Brunelli. Nossas farras na amada São Gabriel. Nossa "canção-hino". Farra na casa da querida Eliene.

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  3. Oi! Que legal a tua história. Essa música é de autoria de Sumário Santana, que é meu pai. :) O grupo, composto por ele e seus irmãos Marquinho e Anselmo, se chama Viola de Bolso e ganhou um festival com essa música. Hoje eles mantém um Centro Cultural. Veja o site: violadebolso.org.br abraços!

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  4. Oi! Que legal a tua história. Essa música é de autoria de Sumário Santana, que é meu pai. :) O grupo, composto por ele e seus irmãos Marquinho e Anselmo, se chama Viola de Bolso e ganhou um festival com essa música. Hoje eles mantém um Centro Cultural. Veja o site: violadebolso.org.br abraços!

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