sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ah, se eu fosse marinheiro

Ontem saiu o resultado final do Processo Seletivo de Admissão ao Corpo Auxiliar de Praças PSA/CAP - 2011, concurso que eu fiz pra Marinha do Brasil. Concurso o qual, meus amigos já estão de saco cheios de saber, mas que mesmo assim, eu continuo falando. De spoiler te digo que eu passei (afinal de contas, se não te tivesse, por que estaria postando uma informação tão trivial dessas?) e que o resultado foi melhor do que o esperado.


Pra falar a verdade, o esperado era não passar. Sim, sou pessimista. A lei de Murphy é meu primeiro mandamento. Logo você virá falar que pensar dessa maneira é ruim e blá, blá blá, mas você está terrivelmente equivocado. Imaginar que as coisas não vão dar certo é uma ótima maneira de lidar com o sistema de recompensas do cérebro. É simples: Se algo que "era pra dar errado" dá certo, ótimo! As coisas saíram melhor do que o esperado. Caso contrário, a coisa saiu do jeito que era esperado. Ou seja, nada de "infelizmente" ou "que pena" em seu pensamento. O sentimento de frustração nem passará perto de você. Funciona melhor que muito motivador.

Não tem sensação melhor que esta
Porém, nem tudo são flores, e, como diria o bom e velho Charlie Harper: "A vantagem é uma vadia instável". E, apesar de eu ter a incrível habilidade de achar que tudo pode dar merda, eu quase me deixei passar e acabei deixando tudo se ferrar. Eu disse "quase". Então senta que lá vem história...

Eis a situação: A prova do concurso estava marcada para começar às 10h15 do horário de Brasília. Contudo, o concursante concurseiro deveria se apresentar, impreterivelmente, até às 8h30, hora do fechamento dos portões. O percurso, de ônibus, demora um pouco menos de uma hora, mas vamos aproximar para tal. Então, de posse de uma lógica simples, bastaria eu pegar o ônibus às 6h30 que eu chegaria 7h30, mas caso ocorresse um imprevisto, ainda teria 1h de vantagem, não é mesmo? Não. Só um jumento confiaria no transporte público dessa cidade. E eu, de posse de um telencéfalo altamente desenvolvido e com polegar opositor, ajustei a saída do ônibus para as 5h30. Planejei chegar por volta das 7h30, afinal quando se tem compromisso marcado todos os sinais da cidade resolvem fechar à sua presença, e ter 1h de vantagem, caso mais imprevistos ocorressem.

Beleza, tudo planejado, vamos à execução.

Manhã nublada como em qualquer manhã que terminará em sol torturante ao meio-dia. Saí de casa às 5h20, chegando ao ponto às planejadas 5h30. Vi o ônibus lotado passando e pensei comigo:

Nota: A maior parte dos planos estão fadados ao sucesso. Quem estraga tudo é o elemento burro, instável e incompreensível. São as pessoas que fazem caquinha. Sério.

"E aí morde-foca, já que esse busão tá parecendo uma lata de sardinha, vamos esperar o próximo, que passa daqui a 10min?"

Sabe aquele anjinho e diabinho que ficam perto da sua cabeça numa decisão difícil? Bem, os meus são mais parecidos comigo e, em vez de bom e mau, um é teimoso e o outro é preguiçoso. Logo ambos estavam de acordo em esperar a próxima condução, ignorado toda a minha teoria de que algo ia dar errado. E deu.

Velho, Salvador tá um rio!
Salvador foi atingida pela maior chuva de todos os tempos hum.. que o nordeste já viu? dos últimos vários dias. O fato é que choveu um absurdo, e justamente no dia da prova. Como o nosso narrador enfatizou, aquela era a Av. Bonocô, vulgarmente conhecida como Av. Mário Leal Ferreira (ou vice-versa) e, como não poderia deixar de ser, fazia parte do meu trajeto. Que horas eu cheguei? 8h20. 1h40 a mais do que o calculado.

Então, ainda no ônibus, utilizando técnicas de relaxação e ensinamentos passados de um monge budista, eu pensei comigo mesmo: Pronto, fodeu! - Desci e corri para o local da prova como se não houvesse amanhã, subindo as ladeiras e escadas como um antílope em fuga, debaixo de um toró.

Cheguei. Quando pude dar o primeiro suspiro de alívio, ouvi os portões se fecharem às minhas costas. O relógio marcava 8h31 e a única coisa que eu pensava era: Caralho, se eu não passar nessa prova, pelo menos tenho uma história pra contar pros meus netos. - Ainda atordoado, subi para a sala pensando no frio que passaria, visto que eu estava ensopado. Mas para a minha surpresa (dia cheio de surpresas, né?) havia faltado luz.

Das coisas que a chuva trouxe, a única boa foi ter derrubado a rede elétrica local, me aliviando, mesmo que levemente, de estar molhado. O que é uma ironia, já que foi ela mesma que me molhou.

Puxei uma calculadora do tamanho da mesa (cortesia do meu chefe), pois não se poderia utilizar das calculadoras científicas (únicas que eu tenho), e sentei-lhe o dedo na prova.

Foto: Simulação
Pronto, 10 dias después, em casa, fui conferir o gabarito. Fui conferindo, e logo no começo, percebi que tinha levado bomba. 12 de 50 questões corretas. Eu sabia que podia ter ido mal, mas eu não fui tão ruim a esse ponto. Corrigi de novo e vi que agora eu tinha acertado 13 de 50. Logo pensei: Será que se eu corrigir de novo acerto mais uma? E daqui a 37 tentativas eu fecho a prova, certo? Tem alguma coisa errada.

Sim, você não pode. Você deve me chamar de idiota. Eu estava corrigindo a prova de Administração. Eu realmente sou retardado. Mas sou o retardado que mais acertou questões nessa prova: 72%, contra os 66% do segundo colocado. Tinha que reverter a situação de alguma maneira, não é mesmo? Então, resolvi criar uma premiação pra mim. 


Aí você deve estar pensando: Você só foi o cara que fez os melhores chutes. - Mas se lembre, "Cagada conta".

Além do mais, o blog é meu, o prêmio foi criado por mim, o responsável pela nomeação sou eu e o prêmio foi entregue a mim. Então não discuta.

Voltando ao meu texto. O resto do processo foi bem leve. No exame médico/laboratorial até pensei que ia rodar no teste de audiometria, visto que tocar bateria tem me deixado meio surdo de um lado do ouvido, mas tudo ocorreu bem. Etapa sobreposta.

Já a corrida, impunha um pouco de esforço. Sedentário por osmose, eu vou de moto até na esquina pra comprar pão. Outro dia o elevador da minha empresa estava quebrado e eu tive que subir as escadas. Parecia que eu tinha corrido a São Silvestre. Não poderia fazer um teste físico nestas condições. Então me pus a treinar. Estava indo toda noite correr. Comecei no esquema "anda 2(minutos), corre 1", depois de uma semana subi para o "anda 2, corre 2" e, ao final de um mês já estava correndo o percurso todo. O resultado foi que eu corri os 2,5km em 12'03". Record pra alguém que mal se move.

Já na natação foi mais fácil do que eu imaginava. Como eu tinha quase um minuto pra completar o trajeto de 25m, eu fui super auto-confiante e me joguei na água sem nem mesmo ter treinado. E já fazia um bom tempo em que eu não nadava. Mas deve ser como andar de bicicleta. Sei lá. Resultado: 25m em 15". Então foi só correr pro abraço.

Agora é só continuar estudando e treinando pros próximos desafios. Mas até lá, já é uma outra história.

Boa noite e Rumo ao Rio Mar!

PS: Ouçam
PS2: Assistam
PS3: Joguem.

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